Voz da Turquia

Trinta militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado fora da lei, destruíram suas armas em uma cerimônia nas montanhas do Curdistão iraquiano na sexta-feira, informou um correspondente da Agence France-Presse.

“Trinta combatentes do PKK, quatro dos quais eram comandantes, queimaram suas armas”, disse o correspondente que esteve presente na breve cerimônia em uma caverna perto da cidade de Sulaimaniyah, na região autônoma do Curdistão, no norte do Iraque.

A cerimônia de deposição de armas marca um ponto de virada na transição do PKK de insurgência armada para a política democrática, como parte de um esforço mais amplo para encerrar um dos conflitos mais longos da região.

Fundado no final da década de 1970 por Abdullah Öcalan, o PKK pegou em armas em 1984, iniciando uma série de ataques sangrentos em solo turco que desencadearam um conflito que custou mais de 40 mil vidas.

Mas, mais de quatro décadas depois, o PKK anunciou sua dissolução em maio, afirmando que prosseguiria com uma luta democrática para defender os direitos da minoria curda, alinhada a um chamado histórico de Öcalan, que cumpre prisão perpétua na Turquia desde 1999.

A cerimônia de sexta-feira deveria ocorrer pela manhã em um local não divulgado nas montanhas do Curdistão iraquiano — onde a maioria dos militantes do PKK tem se escondido na última década —, perto da cidade de Sulaimaniyah, no nordeste.

O movimento é um passo fundamental nas negociações indiretas de meses entre Öcalan e Ancara, que começaram em outubro com a bênção do presidente turco Recep Tayyip Erdoğan, e têm sido facilitadas pelo Partido da Igualdade e Democracia dos Povos (Partido DEM), pró-curdo da Turquia.

Entre os esperados para comparecer à cerimônia estavam vários deputados do DEM, que chegaram a Sulaimaniyah na quinta-feira, e um punhado de jornalistas.

Não estava claro se a cerimônia seria transmitida ao vivo.

“Acredito no poder da política e da paz social, não das armas. E peço que coloquem esse princípio em prática”, disse Öcalan em uma mensagem de vídeo divulgada na quarta-feira, prometendo que o processo de desarmamento seria “implementado rapidamente”.

Erdoğan afirmou que os esforços de paz com os curdos ganhariam ímpeto após o PKK começar a depor suas armas.

“O processo ganhará um pouco mais de velocidade quando a organização terrorista começar a implementar sua decisão de depor as armas”, disse ele no fim de semana.

“Esperamos que esse processo auspicioso termine com sucesso o mais breve possível, sem contratempos ou tentativas de sabotagem”, acrescentou na quarta-feira.

Nos últimos meses, o PKK deu vários passos históricos, começando com um cessar-fogo e culminando em sua dissolução formal anunciada em 12 de maio.

A mudança seguiu um apelo em 27 de fevereiro de Öcalan, que passou os últimos 26 anos em confinamento solitário na ilha-prisão de İmralı, perto de Istambul.

Fonte: Kurdish PKK militants burn their weapons at symbolic ceremony in Iraq – Stockholm Center for Freedom