71% dos turcos acreditam que não há justiça em seu país, diz pesquisa

Setenta e um por cento dos cidadãos turcos acreditam que não há justiça na Turquia, de acordo com uma nova pesquisa reportada pelo Turkish Minute.
A pesquisa, conduzida pela ASAL Research com 1.800 pessoas em 26 das 81 províncias, descobriu que apenas 21,1% acreditam que existe justiça no país, enquanto 7,9% não responderam.
Isso ocorre antes do anúncio esperado do presidente Recep Tayyip Erdoğan de um novo plano de reforma judicial na quinta-feira. A medida será o quarto plano de reforma desde 2009, após documentos semelhantes em 2015 e 2019.
O especialista jurídico Mehmet Gün criticou o plano de reforma iminente em um artigo publicado na quarta-feira no site de notícias Yetkinreport. Ele disse que as reformas anteriores em 2009, 2015 e 2019 foram ineficazes e equivaleram a “listas de tarefas” em vez de mudanças reais.
Gün, que lidera a Associação por um Judiciário Melhor, disse que sua organização apresentou 80 propostas de reforma ao governo em 2020, após o presidente Erdoğan prometer reformas legais, mas não recebeu resposta.
“É necessário definir o problema no judiciário com precisão”, disse Gün, acrescentando que os pacotes de reforma preparados até agora não incluíram a avaliação de sucesso ou fracasso.
Entre os principais problemas para Gün está a influência política sobre o judiciário. Ele argumentou que todo governo que chega ao poder tenta influenciar o judiciário a seu favor e que isso impediu o início de uma reforma construtiva.
Ele afirma que o judiciário deve ser independente da autoridade política para funcionar corretamente e defende um órgão regulador independente semelhante aos dos setores de energia e saúde.
O Conselho de Juízes e Promotores, responsável pela nomeação e promoção de juízes, é controlado pelo governo, afirma Gün. Ele acrescenta que tal estrutura mina a independência judicial.
O plano de reforma surge em um momento em que o judiciário da Turquia enfrenta desafios que incluem alegações de corrupção, acesso limitado à justiça e formação inadequada de profissionais jurídicos, disse Gün.