Alemanha investiga funcionária do consulado turco e policial por suspeita de espionagem

Promotores federais alemães abriram uma investigação sobre uma funcionária do Consulado da Turquia e uma policial de origem turca sob suspeita de espionagem para a Turquia, informou o jornal alemão Kölner Stadt-Anzeiger nesta sexta-feira.
A investigação inclui uma busca realizada na quarta-feira na residência de uma funcionária do consulado-geral da Turquia em Colônia, mas não nas dependências consulares. A segunda suspeita, supostamente uma policial baseada em Colônia, é acusada de vazar informações de bancos de dados policiais para o consulado sobre o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado ilegal.
O PKK é classificado pela Turquia e seus aliados ocidentais como organização terrorista. O grupo encerrou recentemente sua guerra de décadas contra a Turquia como parte de negociações de paz conduzidas com seu líder preso e destruiu suas armas em uma cerimônia simbólica no norte do Iraque na sexta-feira.
Ambas as mulheres permanecem em liberdade enquanto a investigação continua. Os promotores se recusaram a fornecer mais detalhes enquanto o inquérito está em andamento.
Ainda não está claro como os dados foram transferidos ou se houve algum pagamento envolvido. Se as acusações forem confirmadas, o caso pode se transformar em um incidente diplomático significativo.
As autoridades alemãs há muito acusam a Organização Nacional de Inteligência da Turquia (MİT) de realizar vigilância sobre dissidentes que vivem na Alemanha. Participantes de grupos como o movimento religioso Hizmet, que se opõem ao presidente turco Recep Tayyip Erdoğan e seu governo, teriam sido alvo dessas ações.
O governo turco acusa o movimento Hizmet de ser o mentor da tentativa de golpe de 15 de julho de 2016 e o rotula como “organização terrorista”, embora o movimento negue veementemente envolvimento na tentativa de golpe ou em qualquer atividade terrorista.
Desde 2016, a Turquia prendeu dezenas de milhares de pessoas suspeitas de ligação com o movimento.
Para evitar a repressão liderada pelo governo, milhares de participantes do Hizmet fugiram da Turquia e buscaram refúgio em países europeus e outros.
Há anos a Turquia pressiona repetidamente as autoridades alemãs para tomarem medidas contra apoiadores do Hizmet que buscaram asilo no país.
Em 2022, um cidadão turco, Ali D., que foi preso na Alemanha em 2021 sob suspeita de espionar dissidentes para o MİT, admitiu em tribunal ter espionado participantes do movimento Hizmet e membros do PKK.
Acredita-se também que as atividades de inteligência turca incluam esforços para monitorar e influenciar comunidades da diáspora por meio de organizações religiosas e culturais. Uma das redes pró-governo mais proeminentes é a União Internacional de Democratas (UID), fundada em 2004 e sediada em Colônia. O grupo tem laços estreitos com o partido governista de Erdoğan, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP).
A Alemanha possui a maior diáspora turca da Europa, com quase 3 milhões de pessoas no país que são turcas ou descendentes de turcos.
Fonte: Germany investigates Turkish consulate employee, police officer over suspected espionage
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